16 de abril de 2008

Impessoalmente

Ela tinha uma mania: mentia muito para ele. Mas não mentia para enganá-lo, para esconder alguma coisa... só mentia porque gostava dele.

E mentia o tempo todo. Dizia que precisava passar por aquele corredor onde ficava a sala dele, mas não precisava. Falava que a aula foi desmarcada, mas não foi. Pedia uma carona, mesmo quando não precisava dela. Inventava festas no final de semana. Ligava fingindo que tinha um assunto importante.

Ela forjou diversos encontros, ela tinha a possibilidade de vê-lo todo dia então inventava os motivos para isso acontecer. Ela só queria vê-lo, e que ele a visse.

Em alguns meses, ela percebeu que seus planos começaram a dar errado. Ele não estava no corredor que ficava todo dia, nem almoçava no mesmo lugar, não atendia o celular. Ela logo percebeu que ela não tinha domínio nenhum da rotina dele, ela não sabia tudo que ele fazia, não sabia nada sobre ele.

Ela tinha que contar com a sorte ou com o destino para encontrá-lo. Não adiantava mais forçar coincidências.

Mas ela pensou um pouco melhor e viu que a solução não era mais forjar os encontros, ela precisava marcá-los. Qual poderia ser o problema de chamá-lo para sair? Muito melhor que adivinhar onde ele poderia estar. É tão óbvio que desse modo seria mais fácil que ela não sabia o porquê de não ter feito isso desde o começo.

Ela lembrou o motivo na hora de tentar chamá-lo para a acompanhar ao cinema. Nunca existiu nela coragem para fazer isso. A mentira é amis cômoda, tem a vantagem de esconder que ela gosta dele, e ela prefere assim. E continua sendo a mesma mentira. Ela até mente que não gosta tanto dele.

5 comentários:

B. disse...

Auto-biográfico?

Anônimo disse...

vivian também escrevendo posts pseudo-líricos???? naum!!!! naum aguento mais esses posts pseudo-líricos!!!!! auauhauhauhauha zoera... ficou manero... e é claro que o cara sou eu... isso é óbvio! aauhauhaahauhahua

Bia Seilhe disse...

Cara, adorei esse seu post!

Tem problema em me reconhecer em algumas partes?!?!?!

Bia Seilhe disse...

É... não rolar MFUB foi uma notícia triste.

Sim, quase que como uma luva. Diris que também foi inesperado pra mim.

=***

Tiago Duarte Dias disse...

eu me vi em partes disso, nos 2 lados da história. muito bom o texto, bem escrito, singelo. muito bom realmente.